Conto Gráfico Expositivo

um diálogo entre artes visuais, literatura e cinema

                                                                                                 Um mergulho no Silêncio

                                                                                                   O intervalo entre a pintura e o conto

Anuk mergulha o espectador em um conceito inovador: o conto gráfico expositivo, uma linguagem que explora a interação entre as artes visuais, literatura e cinema. Este processo, no qual as fronteiras entre diferentes formas de mídia se tornam mais fluidas, resulta em pinturas que não ilustram os contos, mas, antes, estabelecem com eles um diálogo intrínseco. A artista abdica de conclusões previsíveis fornecidas pelo enredo, optando por entrelaçar a causalidade narrativa do conto com a expressão poética da pintura, transitando habilmente entre o visual e o verbal.

Anuk integra a escrita de contos à pintura em suas composições, explorando também imagens do cinema para reeditá-las em um novo contexto plástico e de significados. Seu processo criativo entrelaça a criação literária com a expressão visual das artes plásticas. Ao unir distintos domínios, sua obra navega pelos espaços entre as linguagens. Desde o conto até a pintura, a artista busca um mergulho no silêncio - tema que investiga há duas décadas e que tem sido central em seus trabalhos acadêmicos, tanto na filosofia quanto na literatura. Nas obras de Anuk, os sentidos de imagens e palavras transitam entre o dito e o não-dito, entre presença e ausência, e transpiram esse silêncio, que não deve ser entendido como ausência de palavras, mas, sim, como manifestação da polissemia, da não-dualidade e da compreensão indizível.

O conto gráfico expositivo "HISTÓRIA ERRADA" traz à tona nossa eterna batalha com as certezas. Como conciliar nossas intuições com as narrativas que nos rodeiam, muitas vezes ancoradas no suposto raciocínio lógico dos fatos? Na busca por estabilidade e segurança, frequentemente recorremos, sem perceber, a dissonâncias cognitivas e falácias. Acabamos por deixar de enxergar grande parte do que está diante de nós, pois selecionamos da realidade apenas aquilo que esperamos ver. Não raro, ignoramos também que a imprevisibilidade e a imprecisão são aspectos inerentes à condição humana. Nossos planos mais elaborados e nossas intenções mais nobres podem ser subvertidos em um instante, desafiando-nos a aceitar que a vida é um delicado equilíbrio entre controle e entrega. Embora não possamos controlar todas as variáveis, podemos escolher como reagir diante do inesperado.

Se os mistérios insondáveis da vida não podem ser solucionados, aceitar a possibilidade do engano implica abraçar nossa própria limitação e reconhecer a grandeza do desconhecido. Afinal, se estamos destinados a nunca ter certeza, por que não transformar nossas melhores indagações em nosso guia de volta ao silêncio?"